O cenário das eleições municipais de 2024 trouxe lições importantes sobre o impacto das campanhas extremistas, tanto à direita quanto à esquerda, que conseguem alcançar visibilidade, mas frequentemente encontram obstáculos para conquistar a maioria dos eleitores. Nomes como Pablo Marçal (São Paulo), André Fernandes (Fortaleza), e Cristina Graeml (Curitiba) conseguiram mobilizar grupos específicos e levaram suas campanhas com discursos ideológicos acentuados, mas não obtiveram sucesso na disputa final. Marçal, por exemplo, foi derrotado ainda no primeiro turno, enquanto Fernandes e Graeml também não conseguiram avançar.
Em Goiânia, Fred Rodrigues, que baseou sua campanha em pautas conservadoras, e Marcelo Queiroga (João Pessoa), ex-ministro da Saúde, não conseguiram capitalizar um apoio além de suas bases. Ambos, apesar da forte presença no início das campanhas, ficaram fora das prefeituras ao não conseguirem atrair o apoio dos eleitores moderados, preocupados com questões mais amplas e menos polarizadas.
Em Pernambuco, Gilson Machado (Recife) e Fernando Rodolfo (Caruaru) também representaram o campo conservador. Machado, ex-ministro do Turismo e apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, adotou um discurso alinhado a pautas conservadoras e prometeu mudanças contundentes para a cidade. Contudo, ele ficou em segundo lugar, derrotado pelo atual prefeito João Campos, que se reelegeu. Rodolfo, em Caruaru, obteve desempenho semelhante, mas também foi superado pela candidatura mais moderada da situação, que garantiu sua reeleição.
Esse cenário mostra que, no Brasil, especialmente em cargos executivos, como prefeituras, os eleitores tendem a preferir candidatos que adotam posturas equilibradas e focadas em problemas práticos do dia a dia, como saúde, segurança e educação, deixando de lado as pautas mais polarizadas. Dessa forma, candidatos do Centrão, com propostas menos radicais e centradas no diálogo, saíram vitoriosos em grande parte das cidades brasileiras.
Assim, as eleições de 2024 consolidam a ideia de que, para governar, a moderação e o pragmatismo são qualidades mais valorizadas pelos eleitores, enquanto o extremismo, ainda que eficaz para visibilidade, carece do apoio amplo necessário para sustentar uma vitória em segundo turno.
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